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terça-feira, 11 de março de 2014

Torniquete







A tômbola anda depressa,
Nem sei quando irá parar ---
Aonde, pouco me importa;
O importante é que pare...
--- A minha vida não cessa
De ser sempre a mesma porta
Eternamente a abanar...


Abriu-se agora o salão
Onde há gente a conversar.
Entrei sem hesitação ---
Somente o que se vai dar?
A meio da reunião,
Pela certa disparato,
Volvo a mim a todo o pano:


Às cambalhotas desato,
E salto sobre o piano...
--- Vai ser bonita a função!
Esfrangalho as partituras,
Quebro toda a caqueirada,
Arrebento à gargalhada,
E fujo pelo saguão...


Meses depois, as gazetas
Darão críticas completas,
Indecentes e patetas,
Da minha última obra...
E eu --- pra cama outra vez,
Curtindo febre e revés,
Tocado de Estrela e Cobra...



Mário de Sá-Carneiro