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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Judaizante de Almeida, queimado vivo em Córdova‏




Manuel Nunes Bernal é considerado como um exemplo de determinação, coragem, e profunda lealdade à sua fé.
Bernal foi condenado pela Inquisição espanhola a morrer em Córdova, num auto-de-fé.





Escudo da Inquisição espanhola.



Este herói português e cristão-novo nasceu na localidade de Almeida em 1612.
Dedicou-se à actividade comercial, prática que outros familiares seus também seguiam.
Durante o domínio filipino, Manuel Nunes Bernal saiu de território português, deslocando-se para Écija, na Andaluzia, onde ali casou com uma cristã-nova. Tiveram cinco filhos, todos eles praticando secretamente o judaísmo. Mudou de nome para Abraham Nunes Bernal. Por infelicidade, para ele e sua família, Écija atraiu muitos outros cripto-judeus, despertando a atenção dos atentos inquisidores, originando um grande auto-de-fé em Córdova, no dia 3 de Maio de 1655.




Écija.




Córdova.



Quando foi condenado à fogueira do Santo Ofício, Abraham Nunes tinha nessa altura 43 anos, na prisão onde esteve, encontravam-se 42 homens detidos e 36 mulheres. Dois faleceram ainda antes de serem condenados à morte. Outros dezasseis fugiram antes de serem presos, e entre os fugitivos, estava um empregado de Abraham Nunes, que lamentou que o seu patrão não tivesse feito o mesmo.


Pelo médico da Inquisição presente nesse conturbado e sombrio momento, o português Abraham Nunes Bernal, assumiu com audácia a sua condição de judeu, não temendo as chamas da fogueira nem os tormentos a que o submeteram.
Ao vê-lo caminhar para a morte, o Marquês de Vélez, pessoa com natureza piedosa, aproximou-se dele com um crucifixo e pediu-lhe que naquela hora dramática se convertesse ao catolicismo, não sofrendo assim a atroz morte de ser queimado vivo, mas o garrote. 
De nada valeu ao Marquês tais pedidos, Bernal manteve-se irredutível e resignado com o que lhe ia acontecer, encarou  o fogo com coragem, nunca atraiçoando a fé judaica.





Rabino Aboab da Fonseca
(Castro Daire, 1605 - Amesterdão, 1693).





Esnoga portuguesa de Amesterdão.



Sua execução chegou até à Comunidade Portuguesa de Amesterdão, motivando um sermão na Sinagoga Portuguesa, pelo celebre rabino Aboab da Fonseca.
Poetas judeus portugueses radicados nesta cidade holandesa, chegaram a escrever poemas em homenagem ao mártir Abraham Nunes.


Matute Y Luquín, G. - Colección de los autos generales y particulares de Fé, celebrados por el Tribunal de la Inquisición de Córdoba, Córdoba, Ed. Córdoba, 1825; Cecil Roth - Abraham Nunes Bernal et outres martyrs contemporaines de l´Inquisition, Paris, Ed. H. Elias, 1936 e Alpert Michael - Criptojudaísmo e Inquisición en los siglos XVII Y XVIII: la ley en que quiere vivir y morir, México, Ed. Ariel, 2001.








Fontes: "Gente da Nação além e aquém do Côa"
rebordelo.net/cripto-judaismo/halapid -Halapid, Junho de 1938